Mudanças climáticas, desastres naturais
e prevenção de riscos

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

As redes sociais e a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia em Uberlândia

O mundo está conectado. Prova disso são as redes sociais, lugares cibernéticos onde pessoas de várias idades interagem em busca de diferentes contatos, sejam eles profissionais ou pessoais. Nesses locais, a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) – Uberlândia se inseriu com perfis no Orkut, Facebook e Twitter, além de comunidades e páginas onde os usuários dessas redes puderam ler sobre as curiosidades da área de ciência e tecnologia ao serem direcionados para o blog da Semana, o qual recebeu mais de 12 mil visitas antes, durante e após o evento.

Empresas, jovens e adultos têm adicionado frequentemente o perfil da Semana no Facebook, com uma média de cinco pedidos de amizade por dia. Além disso, as micropostagens do Twitter são retweetadas, isto é, repetidas por outras pessoas diariamente. Isso impactou positivamente no número de participações no evento, haja vista que a população compareceu aos eventos realizados em nossa cidade.

Os números não mentem: a 3ª edição da SNCT Uberlândia foi um sucesso!


Números da SNCT nas redes sociais*

Twitter (@SNCTUberlandia)
Postagens (Tweets): 175
Retweets: 20
Seguidores: 86

Blog (http://www.sctuberlandia.blogspot.com/)
Postagens: 160
Acessos: 12.635

Perfil do Facebook (SNCT Uberlândia)
Amigos: 787

* Dados coletados até 28 de novembro de 2011.

Rafael Abrahão de Sousa
Revisor de textos e editor deste blog

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Aplicativo permite avaliar desmatamentos

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) lançou o Land Use and Cover Change (LuccME) – uma ferramenta de código aberto para a construção e customização de modelos de mudança de uso e cobertura da terra.

Desenvolvida pelo Centro de Ciência do Sistema da Terra (CCST) do Inpe, a ferramenta é uma extensão do ambiente de modelagem TerraME, resultado de parceria entre o Instituto e a Universidade Federal de Ouro Preto.

De acordo com o Inpe, o aplicativo possibilita representar e simular diferentes processos de mudança de uso e cobertura da terra, como desmatamentos, expansão da fronteira agrícola, desertificação, degradação florestal, expansão urbana e outros processos em diferentes escalas e áreas de estudo. Uma das aplicações desse tipo de modelo é a construção de cenários espacialmente explícitos de futuros alternativos.

Siga a SNCT Uberlândia no Twitter


Segundo Ana Paula Aguiar, pesquisadora do Inpe e líder do projeto, a proposta do LuccME é prover uma ferramenta de código aberto – a primeira no país e, talvez, no mundo – na qual componentes já existentes podem ser combinados e facilmente estendidos para a criação de modelos Land Use and Cover Change (LUCC).

O LuccME poderá ser utilizado por instituições de ensino, organizações da sociedade civil, iniciativa privada e órgãos públicos, como secretarias de planejamento de estados e municípios.

A nova ferramenta permite ao usuário explorar diferentes ideias, decidir quais os componentes mais adequados à sua necessidade e utilizá-los integralmente ou em partes, adaptando o modelo de acordo com a aplicação.

A ferramenta foi projetada para facilitar a construção e o reuso de modelos por pessoas que não possuem um forte conhecimento de programação de computadores.

Curta a página da SNCT no Facebook


Além disso, o LuccME possibilita aos usuários melhorar os componentes de modelagem já implementados dentro de seu ambiente, bem como criar novos componentes baseados em ideias e teorias preexistentes e inovadoras, tanto do ponto de vista computacional como das novas abordagens nos chamados sistemas socioecológicos.

Outra característica é facilitar o acoplamento dos modelos LUCC a outros modelos do sistema terrestre, visando à construção de modelos integrados. Para isso, a ferramenta utiliza as facilidades de encapsulamento e acoplamento de modelos oferecidas pelo TerraME.

O LuccME é usado no Inpe para a construção de modelos operacionais de mudança de uso da terra em diferentes biomas brasileiros, acoplados ao modelo de emissões de gases do efeito estufa por mudanças de cobertura da terra. Tais modelos serão utilizados na análise de cenários de mudança de uso da terra até 2050, por sua vez acoplados a modelos climáticos, hidrológicos e de vegetação, no contexto do projeto Amazalert.

Mais informações: www.inpe.br.

Fonte: Agência Fapesp.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Estudo revela ação de gene para crescimento de planta

Trabalho que rendeu artigo na Plant Phisiology, está relacionado ao melhoramento da cana-de-açúcar

Pesquisa recente desenvolvida no Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética (CBMEG) com a planta modelo Arabidopsis thaliana revelou que o AtbZIP63, “um gene que regula outros genes”, tem uma participação relevante no ajuste do crescimento e do desenvolvimento dessa planta, integrando a disponibilidade de energia obtida através da fotossíntese com a de água no solo (estresse hídrico). O trabalho gerou um artigo que acaba de ser publicado na revista norte-americana Plant Phisiology. Resultado do Bioen, projeto temático da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) relacionado com Bioenergia, a investigação está focada no melhoramento da cana-de-açúcar e na compreensão como as plantas conseguem otimizar a conversão de energia através da fotossíntese para ser transformada em biomassa, seja celulose ou açúcar.

O que se percebeu foi que esse gene é capaz de combinar duas informações importantes quando se trata de crescimento e desenvolvimento. A primeira das informações é como estão suas reservas de energia na forma de glicose – carboidrato essencial a praticamente todas as formas de vida – e onde está contida a energia química e o carbono para a construção das moléculas da vida. Já a segunda informação é como está a disponibilidade de água no solo, informação codificada na quantidade de um dos hormônios mais importantes para as plantas, o ácido abscissíco (ABA), que sinaliza para todo o organismo se há água suficiente no solo para que ela possa crescer normalmente ou se precisa fazer alguns ajustes.

O biólogo Cleverson Carlos Matiolli – autor do trabalho, escrito em colaboração – reporta que o entendimento de como esse processo de ajuste ocorre pode ser fundamental à compreensão de como a planta lida com as variações que ocorrem no ambiente, principalmente em tempos em que as perspectivas de mudanças climáticas podem ocorrer nas próximas décadas devido ao aquecimento global. “Entender como as plantas conseguem lidar com o estresse hídrico e com o uso de energia (obtido na fotossíntese e acumulada na forma de açúcares para crescer e se desenvolver) pode fornecer pistas que poderão ser empregadas futuramente para a manipulação de outras plantas que, diferentemente dessa planta modelo, têm interesse econômico, como por exemplo a cana-de-açúcar ou o eucalipto. Estas plantas, assim como a planta modelo Arabidopsis thaliana, também precisam usar estas informações sobre as reservas de energia e disponibilidade de água para que possam crescer e acumular sacarose e celulose”, contextualiza.

No estudo, Matiolli procurou entender como as plantas são capazes de se desenvolver e, junto do seu desenvolvimento normal, adaptar-se às condições variáveis do meio, inclusive com o estresse. A Arabidopsis thaliana, recorda ele, é a primeira planta cujo genoma foi completamente sequenciado e que vem sendo usada como organismo modelo para estudo da biologia molecular vegetal nas últimas duas décadas. É uma planta modelo como o camundongo é modelo de estudo de mamíferos e a Escherichia coli é modelo de estudo de microbiologia. Ela foi escolhida há anos devido a algumas características especiais que possui, como um ciclo de vida curto, facilidade de gerar e selecionar mutantes, e o fato de ser um genoma bastante compacto dentre as plantas, o que traria uma maior facilidade de ser sequenciado.

Otimização
O biólogo buscou compreender como as plantas conseguem otimizar o uso da energia obtida através da fotossíntese, como ela estabelece um protocolo de uso balanceado dessa energia para o seu desenvolvimento e crescimento num ambiente que varia constantemente.

Durante o dia, explica ele, a planta é agraciada pela luz do sol e produz compostos de carbono através da fotossíntese. Boa parte desta energia é canalizada para o seu crescimento. O seu excedente é reservado sob a forma de compostos de carbono, mais especificamente de amido, para que, durante a noite, esse amido tenha uma quantidade suficiente de energia para que a planta possa continuar crescendo e se desenvolvendo. “A planta cresce ao longo das 24 horas do dia”, pontua. Mas essa energia armazenada durante o dia necessita ser empregada de modo otimizado.

A ação do gene AtbZIP63 varia de acordo com o dia e a noite, obedecendo a um ciclo circadiano, que nada mais é que um relógio biológico que os organismos seguem. Sua atividade aumenta durante a noite e diminui durante o dia, e esta sua variação é uma pista valiosa de que ele está envolvido nestes ajustes que são necessários nas transições dia-noite. “O relógio biológico ajuda as plantas a preverem as mudanças que acontecerão quando a noite chegar e quando o dia amanhecer, preparando a sua adaptação e o uso das reservas”, afirma o pesquisador.

É claro que há ainda a possibilidade de existirem estresses provocados por patógenos (como bactérias, vírus e fungos) e pouca disponibilidade de água no solo (estresse hídrico), reduzindo a eficiência de crescimento. A planta precisa se adequar a estas situações, adverte Matiolli, e tentar usar da melhor forma possível o que tem.

Por outro lado, como ela consegue fazer uso dessas reservas de maneira eficiente? O autor do artigo explica que nesse contexto entra em ação o gene estudado – conhecido como fatores reguladores de transcrição (FTs). Eles atuam regulando o processo de ativação e de inativação, em geral muito significativo, de múltiplos genes que são centrais na adaptação da planta a uma nova condição, entre elas a presença ou não de luz do sol.

Curta a página da SNCT no Facebook


No caso das plantas, isso é preponderante já que, durante o dia, elas têm um aporte de energia do sol através da fotossíntese (com a conversão dessa energia do sol) e à noite, não tendo mais essa energia, elas precisam utilizar as suas reservas. A previsão da planta serve para prevenir carências de energia e de compostos de carbono, para continuar crescendo e se desenvolvendo. No ciclo dia-noite, ela tem uma mudança de fisiologia, mostrando um metabolismo de dia e outro de noite. Fazem parte dessa mudança também os genes que são ativados ou desativados, desde que relacionados com o uso da energia. Durante a noite, a planta não precisa produzir proteínas ou ativar genes ligados à fotossíntese. Precisa, antes, ativar genes responsáveis pela mobilização das reservas.

Adversidades
A expressão do gene AtbZIP63, da família bZIP (Basic Leucine Ziper), também modifica: durante o dia, ela cai e durante a noite aumenta, acompanhando o ciclo circadiano. Sendo esse um gene que regula outros genes, os “regulados” vão em geral obedecer o mesmo padrão de oscilação. “Recentemente, vimos que o regulador de transcrição rege processos relacionados ao uso de amido e de energia contida nele, pela reserva durante o dia. Ativa e inativa genes que vão atuar no controle do uso do amido durante a noite.” Esse pode ser um dos aspectos como esse gene trabalha.

O que se observou na pesquisa de Matiolli, orientada pelo docente do CBMEG Michel Vincentz, foi que o mutante (uma planta que não tem esse gene ativo) apresenta problemas de desenvolvimento e de crescimento. Essa dificuldade tem uma íntima relação com o seu possível papel no controle do uso do amido e com o desenvolvimento da parede celular. Já no que tange ao fator de transcrição, esse gene ainda regula um conjunto de outros genes do estresse energético, situação em que se verifica escassez aguda de energia.

Siga a SNCT Uberlândia no Twitter


Cleverson pondera que a planta necessita lidar com esse tipo de adversidade. É o caso de uma situação em que por uma semana inteira o dia fica nublado e com pouca luz do sol. A planta não consegue acumular muita energia através da fotossíntese. Então ela começa a entrar numa carência de energia sem a luz do sol para se alimentar.

Como a planta consegue responder a essa escassez aguda de energia? Esse gene encara um papel decisivo. A tendência natural, se essa condição de estresse energético prosseguir por muito tempo, conta Matiolli, é que ela diminua a sua eficiência reprodutiva, produzindo menos sementes, ou morra. Uma atitude natural da planta é buscar a otimização do seu desenvolvimento até a reprodução, para que ela consiga – mesmo com condições estressantes de energia – lidar com isso. “Ela vai tentar até o último instante se reproduzir e gerar descendentes”, assinala. Agora, se a planta não trabalhar muito bem com esse estresse, poderá ter um crescimento e um acúmulo pouco eficientes. Não conseguirá se desenvolver adequadamente e acumular biomassa da forma como deveria, lamenta. Este estudo foi desenvolvido no Laboratório de Genética de Plantas, na linha de pesquisa de Genética Vegetal.

Publicação
Matiolli, C. C.; Tomaz, J.P., Duarte, G.T.; Prado, F.M.; Del Bem, L.E.V.; Silveira, A.B.; Gauer, L.; Corrêa, L.G.; Drumond, R.D.; Viana, A.J.C; Di Mascio, P.; Meyer, C.; Vincentz , M.G.A. The Arabidopsis bZIP gene AtbZIP63 is a sensitive integrator of transient ABA and glucose signals. Plant Physiology, 13, 2011.

Fonte:
Jornal da Unicamp.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Pesquisa avança conhecimento sobre relação entre alterações epigenéticas, estresse oxidativo e melanoma

Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) tem obtido, nos últimos anos, resultados importantes para o avanço do conhecimento sobre a relação entre alterações epigenéticas, estresse oxidativo e o desenvolvimento de tumores – em especial o melanoma, o mais grave tipo de câncer de pele.

A epigenética é o estudo da parcela do genoma que não codifica proteínas, mas que tem papel na regulação dos genes. O estresse oxidativo é o resultado do excesso de produção de radicais livres, que reduz a capacidade do sistema antioxidante presente em cada tecido.

O grupo trabalha há cerca de uma década com a biologia celular do câncer, sob a liderança da professora Miriam Galvonas Jasiulionis, do Departamento de Farmacologia. Os estudos têm usado um modelo de transformação do melanócito – célula que produz a substância pigmentar da pele – em melanoma.

“O modelo consiste em submeter a condições sustentadas de estresse uma linhagem de melanócitos que não são tumorais, a fim de observar suas mudanças morfológicas até que se transformem em melanoma. Assim, observamos como as transformações ocorrem apenas a partir da alteração das condições ambientais, sem a introdução de oncogenes”, disse Jasiulionis à Agência FAPESP.

Siga a SNCT Uberlândia no Twitter


O principal fator de risco para o melanoma é a exposição prolongada aos raios ultravioleta, que causa uma condição de estresse oxidativo. Por isso é usado o modelo no qual o melanócito não tumorigênico é submetido a vários ciclos de estresse, adquirindo progressivas alterações celulares.

O modelo usa tanto linhagens de melanoma metastáticos como não-metastáticos, ampliando as possibilidades de estudos. O estresse é provocado pelo bloqueio da adesão celular do melanócito.

“O modelo que utilizamos permite estudar uma série de aspectos, em especial as alterações epigenéticas, que estão relacionadas às alterações ambientais. Sabemos também que as condições crônicas de estresse oxidativo estão relacionadas ao aparecimento de diferentes patologias. Por isso, o modelo poderá servir também para outros casos além do melanoma”, destacou.

Em uma das vertentes dos estudos, os pesquisadores investigaram a conexão entre o melanoma e o papel dos micro-RNA (miRNA). Essas pequenas moléculas de apenas duas dezenas de nucleotídeos não codificam proteínas, mas se ligam ao RNA mensageiro (RNA-m), perturbando sua estabilidade, interrompendo o processo de tradução da informação gênica em estruturas proteicas e agindo como elementos de regulação epigenética.

Em coautoria com sua orientanda de doutorado Adriana Taveira da Cruz, Jasiulionis publicou na revista Dermatology Research and Practice – com apoio da FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa – Publicações – um artigo de revisão a respeito dos últimos avanços do conhecimento sobre a relação entre miRNA e melanoma.

Com o tema “Identificação de miRNAs envolvidos com a gênese do melanoma e a possível regulação epigenética de sua expressão”, o doutorado de Cruz conta com Bolsa da FAPESP.

Jasiulionis coordena o projeto “Mecanismos epigenéticos como mediadores da transformação maligna de melanócitos associada a condições sustentadas de estresse”, apoiado pela FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular.

“Embora não seja o foco principal do nosso grupo, o estudo dos miRNAs é importante, porque eles são um importante mecanismo de controle da expressão e, para nossas pesquisas, é fundamental compreender como se dá a regulação epigenética da expressão dos miRNAs”, explicou Jasiulionis.

No artigo, as pesquisadoras fizeram um levantamento dos miRNAs existentes relacionados ao melanoma. Por impedir a tradução de RNA-m, segundo Jasiulionis, o miRNA tem um papel central no processo de formação do câncer.

“Sabemos que os miRNAs têm alterações em sua expressão nos tumores, o que leva a mudanças em diferentes RNA-m. Estamos tentando identificar não apenas miRNAs que estejam expressos nas diferentes etapas da gênese do melanoma, mas também os que têm expressão alteradas por possuírem marcas epigenéticas alteradas”, disse.

Além de ser um mecanismo importante no controle da tradução dos RNA-m, os miRNAs também podem ser utilizados como biomarcadores e podem se tornar alvos para o desenvolvimento de novas terapias contra o melanoma.

Curta a página da SNCT no Facebook


“Cada miRNA tem como alvo diferentes RNA-m ao mesmo tempo. E o mesmo RNA-m pode ser alvejado por diferentes miRNAs. Uma das perspectivas para o futuro é identificar um miRNA relacionado com os genes dos tumores e desenvolver antagonistas a partir daí”, disse Jasiulionis.

Segundo a pesquisadora, o melanoma, que tem origem em uma transformação maligna dos melanócitos, é extremamente resistente às terapias quando entra em fase de metástase.

“Quando é diagnosticado precocemente, o melanoma é facilmente tratado. Mas em fase metastática, é extremamente agressivo e não responde às terapias que existem. Por isso, é importante identificar os miRNAs envolvidos no processo, não apenas para o tratamento, mas também para identificação do tumor”, disse.

O artigo miRNAs and Melanoma: How Are They Connected?, de Adriana Taveira da Cruz e Miriam Galvonas Jasiulionis, pode ser lido por assinantes da Dermatology Research and Practice em www.hindawi.com/journals/drp/2012/528345/abs.

Fonte: Agência Fapesp.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Vítimas da mudança climática exigem ações urgentes

A bengali Mosammet Monwara é obrigada a caminhar mais de três quilômetros por dia em busca de água potável, que carrega em um pesado cântaro de barro, para sua família de cinco pessoas. A acompanham várias mulheres da aldeia de Sharmongolia, no distrito de Rajshahi, em Bangladesh. Monwara, de 37 anos, e suas vizinhas percorrem longas distâncias para encontrar água potável há mais de uma década, porque secaram os poços que costumavam utilizar. “Racionamos a água potável. Nos banhamos uma vez por semana e limpamos a cozinha o mínimo, tudo para economizar”, disse Monwara à concorrida audiência reunida no clube de imprensa em Daca, para uma das sessões dos tribunais climáticos, realizada em outubro.

Várias mulheres de outras regiões do país contaram experiências semelhantes no tribunal organizado pela organização não governamental Bangladesh Unnayan Parishad, pelo People’s Forum on the Millennium Development Goals (Fórum Popular sobre os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio) e o Chamado Mundial de Ação contra a Pobreza.

“Perdi minha casa na beira do Rio Tista quatro vezes nos últimos cinco anos por causa da erosão”, contou Rubina Akhtar, da aldeia de Char Mornia, na subdivisão de Gangachara no distrito de Rangpur. “Durante a última temporada das monções, quando estávamos nos instalando em um novo lugar, longe do dique, a erosão levou tudo, inclusive nossa embarcação de pesca”, acrescentou. “Agora, vivemos ao ar livre perto de uma fazenda de gado”, disse Akhtar, de 25 anos. “Comemos quando alguém é generoso”, disse a mulher, com quatro filhos pequenos. Seu marido era pescador e ganhava o equivalente a US$ 5 por semana, mas começou a mendigar após perder o barco e os pertences familiares.

Dipali Mandal vive na aldeia Jatindranagar, no distrito de Satkhira, vizinho da maior floresta de mangues do mundo, Sundarbans. “Meu marido ganhava bem com cultivos de época. Éramos uma família feliz com renda entre US$ 400 e US$ 500 por temporada” de quatro meses, contou esta mulher de 42 anos. “Mas os solos salinos nos deixaram sem um centavo”, lamentou. “Os agricultores como meu marido já não podem trabalhar a terra por causa da salinidade do solo. Antes não era assim. De fato, no inverno cultivavam verduras para vender nas grandes cidades, como Daca, Khulna e Rajshahi, para aumentar a renda”, contou Mandal.

Bobita Begum, da aldeia Hatgacha, no distrito de Sirajganj, sofreu uma experiência angustiante. “Por 11 vezes perdi meus pertences. A primeira vez vivia com meus pais. Quando casei e mudei com meu marido pensei estar a salvo da erosão”, contou Begum, de 26 anos. “No ano passado, perdi meu filho durante uma repentina erosão do rio ocorrida à noite. Não houve escapatória”, acrescentou.

Siga a SNCT Uberlândia no Twitter


A topografia deltaica de Bangladesh, com prolongadas secas no noroeste e frequentes erosões e transbordamentos de rios, está em um ponto no qual não pode abrigar seus 135 milhões de habitantes. A densidade populacional é de 1.100 pessoas por quilômetro quadrado. Projeções do Grupo Intergovernamental de Especialistas em Mudança Climática (IPCC), da Organização das Nações Unidas (ONU), dizem que 17% do país poderá ficar submerso até 2050, com vários milhões de pessoas obrigadas a abandonar a zona costeira. Os milhares de quilômetros de Barind, no norte do país, antes plantação de árvores frutíferas com diversidade de cultivos, agora são terras estéreis.

“Houve uma época, os empresários de Daca nos pagavam a produção de arroz adiantada. Fornecíamos toneladas de grãos de boa qualidade para muitas cidades”, contou Kwaza Nizamuddin, que emigrou para a capital há 15 anos em busca de um emprego alternativo. Estudos da Corporação de Desenvolvimento Agrícola de Bangladesh revelam que 400 mil bombas de água para irrigação, a maioria no noroeste do país, secaram pela diminuição da água subterrânea.

As intensas inundações e a erosão fluvial, as prolongadas secas, as chuvas incessantes e os níveis de salinidade extremos obrigaram milhões de pessoas a emigrar em busca de uma vida melhor. Os mais prejudicados são os agricultores e pescadores. Mais de 200 rios que cortam o país sofreram graves processos de sedimentação e formaram vastas extensões de terras estéreis. As pessoas que constroem suas casas, a maioria de bambu, perde tudo quando as regiões que foram leitos fluviais inundam.

“É hora de agir. Já esperamos muito. As vítimas necessitam de proteção, emprego e apoio. São ignorados muitos assuntos importantes”, disse à IPS o ativista Abdul Awal, um dos organizadores do tribunal. As mulheres têm uma longa lista de reclamações sobre proteção em casos de inundações, erosão do rio e ciclones, acesso a água potável, reflorestamento, reparo de estradas, abrigos para quando há desastres, créditos sem juros, centros de saúde e educativos em áreas de difícil acesso e compromisso político para o desenvolvimento.

Curta a página da SNCT no Facebook


Qazi Kholiquzzaman Ahmad, integrante do IPCC e presidente-fundador da organização Bangladesh Unnayan Parishad, disse à IPS que as nações industrializadas “são responsáveis pela mudança climática. Além de compensação econômica, pedimos a elas tecnologia e apoio para construir capacidades e reduzir nossa vulnerabilidade. Nossa proposta contempla reduzir as emissões de dióxido de carbono em 40% até 2020 e 95% até 2050”, acrescentou.

Bangladesh já tem um plano de ação para reduzir a vulnerabilidade diante de desastres naturais, mas é preciso intervenção internacional, alertou Kholiquzzaman, que presidiu como convidado o tribunal climático de Daca. “O governo destinou US$ 90 milhões ao ano, nos próximos três, para minimizar os efeitos do aquecimento global no país, o que demonstra compromisso público e seriedade”, ressaltou. O júri, integrado por um ex-presidente de um tribunal de justiça, conhecidos ativistas de direitos humanos e voluntários de organizações da sociedade civil, pediu a criação de um tribunal internacional para que haja justiça para as vítimas da mudança climática.

Fonte: Envolverde.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Lixo eletrônico vira terra-rara

Uma pesquisa realizada no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) sobre o reprocessamento de ímãs de neodímio-ferro-boro (NdFeB) abre caminho para o descarte sustentável dos ímãs contidos nos discos rígidos de computadores fora de uso e para o desenvolvimento de tecnologias da cadeia produtiva de terras-raras.

Terras-raras compõem um grupo de 17 elementos químicos – entre os quais cério, praseodímio, térbio e neodímio – com aplicações diversas, como na produção de supercondutores, catalisadores e componentes para carros híbridos.

Realizada com bolsa da FAPESP durante o projeto, a pesquisa de Elio Alberto Périgo empregou uma série de ímãs sinterizados disponíveis comercialmente no mercado.

Segundo ele, a categoria de ímãs é a mais adequada para aplicações que demandem propriedades mais restritivas, como o uso em produtos tecnológicos de alto desempenho, e de maior valor agregado em relação aos ímãs aglomerados, que combinam material particulado e resina e têm propriedades magnéticas menores.

Curta a página da SNCT no Facebook


Périgo buscou comprovar a possibilidade de reprocessar o neodímio-ferro-boro e alcançar propriedades superiores às das ferrites, usadas atualmente para a produção dos tipos mais simples de ímãs.

“É o material de menor custo disponível no mercado, mas suas propriedades são relativamente baixas. A aplicação ocorre quando as propriedades magnéticas não são restritivas, como pequenos motores elétricos e alto-falantes”, disse.

Para avançar na tentativa de reciclar compostos sinterizados de NdFeB para fabricar novos ímãs e manter as características originais, o pesquisador realizou o estudo por meio do processo HDDR. A técnica combina as etapas de hidrogenação, desproporção (transformação da fase magneticamente dura em outras fases), dessorção (retirada de hidrogênio da estrutura cristalina do composto previamente hidrogenado) e recombinação (obtenção da fase magneticamente dura com tamanho de grão inferior ao inicial) em ligas à base de neodímio-ferro-boro.

Siga a SNCT Uberlândia no Twitter


A pesquisa indicou a possibilidade do emprego do material reprocessado em aplicações nas quais é preciso elevada resistência à desmagnetização. E resultou no depósito de uma patente, tendo como titulares Périgo, o IPT, a FAPESP e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), no qual o pesquisador realizou seu doutorado, também com Bolsa da FAPESP.

De acordo com o IPT, embora o material empregado nos ensaios fosse proveniente de ímãs comerciais, o estudo mostrou a viabilidade de extrapolar os dados obtidos para o reaproveitamento dos ímãs contidos em discos rígidos.

Segundo Périgo, os compostos de neodímio-ferro-boro encontrados nos dois produtos têm vários pontos em comum, como não poderem ser expostos ao ar para evitar a oxidação e a perda de propriedades ou pequenas variações de composição, que implicariam poucas alterações nas condições de temperatura e pressão para o processamento.

Para o pesquisador, o aproveitamento dos materiais magnéticos é uma alternativa para fomentar o mercado nacional de reciclagem do lixo eletrônico. Em cada disco rígido, são encontrados cerca de 30 gramas de material magnético, o que configura uma grande oportunidade para a destinação sustentável de computadores antigos.

“Quando o consumidor troca o computador, ele descarta o equipamento porque busca uma maior capacidade de processamento, por exemplo, e não porque o ímã parou de funcionar”, explicou. “O material magnético continua operante e nas mesmas condições da época em que o computador foi comprado.”

A fabricação de ímãs permanentes de alto desempenho é possível somente com o emprego das terras-raras, o grupo no qual está presente o neodímio. O mercado é atualmente dominado pela China, mas as recentes reduções nas quantidades de materiais que o país pode exportar aumentaram as dúvidas pela continuidade do abastecimento e impulsionaram projetos de desenvolvimento de empreendimentos de mineração em todo o mundo, principalmente no Canadá e na Austrália.

“Recentemente, o preço desses elementos subiu de forma abrupta, e no Brasil quem utiliza ímãs em compressores, motores e a indústria eletroeletrônica precisam importar esses materiais, já que não existem substitutos nacionais”, disse Périgo.

Mais informações: www.ipt.br/noticia/430-patente_em_imas.htm.

Fonte: Agência Fapesp.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Biotecnologia produz aromas de frutas a partir de resíduos

Compostos podem ser usados pela indústria de alimentos e colocados em rações

Trabalho de doutorado desenvolvido na Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) por Daniele Souza de Carvalho resultou na produção de aromas naturais de frutas por via biotecnológica, obtidos a partir de resíduos agroindustriais. Além disso, comprovou-se a sua viabilidade de uso por reduzir o tempo de processamento, o que deve diminuir também os custos. Esses aromas mostraram-se promissores para aplicação sobretudo na indústria de alimentos, podendo serem adicionados ao leite fermentado, iogurtes e rações animais, entre outras possibilidades. Do processamento da indústria cervejeira, foi aproveitado o bagaço de malte, que sobressaiu no experimento com um aroma puxado para o abacaxi, e do processamento da mandioca, a manipueira, um aroma puxado para o morango.

Daniele, que é química de alimentos, expõe que o tempo de processamento foi encurtado para um dia, em oposição às 72 a 96 horas que em geral demandariam pelos processos convencionais para obtenção deste composto. Isso porque, se o microrganismo fosse colocado direto no meio, teria que passar por uma fase de adaptação, que envolve a curva de crescimento normal. Ela explica que ativou o microrganismo em meio convencional e, após 24 horas, foi adicionado no resíduo, desenvolvendo a produção máxima desse composto em 24 horas de fermentação.

Os achados já apontam que é possível beneficiar diferentes setores da indústria, salienta a autora, principalmente com a diminuição dos custos, já que os processos biotecnológicos exigem, em geral, um longo tempo de fermentação e têm um substrato caro. Por reunir essas características, Daniele pensou em utilizar resíduos como substrato para o processo fermentativo. “Sem fazer a etapa de pré-inóculo (quando adiciona-se o microrganismo ao meio), o microrganismo teria que passar pela fase de adaptação, entretanto, com o auxílio da etapa do pré-inóculo, ele já estaria com todo o aporte enzimático ativo e começaria a produzir os compostos de aroma.”

Na tese, orientada pela docente da FEA Gláucia Maria Pastore, quando comparado o extrato de malte, que seria o meio sintético comum de se usar, com o resíduo de bagaço de malte, ambos apresentaram a mesma performance. “Tivemos a visita de um aromista, que ficou encantado com o produto oriundo do extrato fermentado. O aromista já trabalha com a possibilidade de saltar a etapa da purificação”, aborda Daniele, outra desvantagem do processo biotecnológico. “Assim chegaremos mais perto da escala industrial.”

O éster, objeto de estudo, foi o hexanoato de etila, o qual possui um intenso aroma frutal. A linhagem, que é o microrganismo (no caso o Neurospora sp.), foi isolado de uma massa de mandioca proveniente do Estado do Maranhão, por ser muito recorrente naquela biota, ao passo que os resíduos agroindustriais partiram de indústrias do interior do Estado de São Paulo.

Da manipueira (uma espécie de líquido tóxico originado no processamento da mandioca, que surge na prensagem da massa da raiz da mandioca), sobressaiu um aroma de morango e, do bagaço de malte, um aroma de abacaxi. Isso em grande parte ocorre devido às diferentes concentrações obtidas e a outros compostos formados. Na literatura, o hexanoato de etila tanto pode ser descrito como aroma de abacaxi quanto de banana, maçã, morango e pêssego. Ora pode assumir a característica de uma fruta, ora de outra. “No nosso caso, conseguimos que o buquê geral dos extratos fosse diferenciado”, informa a pesquisadora.

Aplicações
Normalmente, o bagaço de malte serve como ração animal, seu principal destino. Aqui ele serviu para alimentar o microrganismo responsável por produzir o aroma. Na verdade, esclarece a doutoranda, vão se esgotando os seus compostos – as macromoléculas, os carboidratos, os lipídios e as proteínas – e, por mecanismos secundários, produz-se o aroma.

Em países como a China e o Japão, por exemplo, o hexanoato de etila é adicionado em bebidas como os saquês e licores. Nos dois países, são consumidas, no total, mais de duas mil toneladas do produto por ano, que ainda pode estar presente nas balas, geleias, perfumes e numa série de compostos nos quais se almeja o aroma frutal.

Na tese, o bagaço de malte foi escolhido pelo fato de ser o extrato de malte, o melhor meio sintético onde se produz maior quantidade de hexanoato de etila, já a manipueira porque já é muito estudada no Laboratório de Bioaromas e Compostos Bioativos da FEA para a produção de biossurfactantes, compostos de origem microbiana. Como estava praticamente disponível, conta a autora, tentou-se empregá-la não só para a produção de biomassa, o que já é realizado em alguns estudos no laboratório, mas também para a produção de hexanoato.

Daniele e Gláucia Pastore já festejam os bons resultados e acabam de entrar com um pedido de patente – junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) – para proteger o processo de obtenção de aroma. Não havia pesquisa semelhante empregando-se o hexanoato de etila. Falta agora, de acordo com a química de alimentos, se debruçar mais sobre a área de purificação e de ampliação de escala, quiçá usando o microrganismo liofilizado, que aceleraria o processo, já que eliminaria a etapa de pré-inóculo.

Esse estudo tem a seu favor o fato de ser conduzido num país de base agrícola, com uma grande carga de resíduo agroindustrial capaz de poluir muito o meio ambiente. “Com a nossa pesquisa, abrimos um leque para futuras investigações com vistas a ampliar os seus usos e diminuir o impacto ambiental, no momento em que estamos reduzindo a carga orgânica dos compostos que estão sendo utilizados pelos microrganismos, além de agregar valor aos resíduos”, realça Daniele.

Curta a página da SNCT no Facebook


Na opinião de Gláucia Pastore, a sua orientada deu uma clara demonstração de que é factível aplicar conhecimento científico e desenvolvimento tecnológico na produção de compostos de importante valor agregado. Além de serem valiosos para a saúde e bem-estar da população, através da agroindústria de alimentos, geram subprodutos que seriam mal aproveitados – como substâncias ou produtos de baixo valor –, descartados inadequadamente em termos de segurança ambiental. “A aplicação da C&T como foi feita nesse trabalho, com a produção de aromas naturais a partir de substratos, mostrou-se altamente estimulante.”

Dia a dia
Há algumas décadas, o Laboratório de Bioaromas e Compostos Bioativos da FEA vem se dedicando aos subprodutos da agroindústria brasileira: de cana-de-açúcar, de café, de soja e de cerveja, entre outros. A resposta disso é simples. Existe mundialmente uma preocupação com a biomassa, o quanto dela poderá ser transformado ou biotransformado. “O Brasil, nesse quesito, tem uma série de substratos muito destacados dentro das diversas cadeias alimentares, contudo sem aplicação nobre. Utilizam-se subprodutos como ração ou para geração de energia”, ensina Gláucia Pastore.

Ocorre que este material tem potencial de trazer um valor agregado muito alto. São subprodutos para a indústria farmacêutica, aditivos para a indústria de alimentos ou substratos para serem transformados via biotecnologia. “Então o mundo se depara hoje com isso, e o nosso país começa a pensar nesta direção. A ideia foi localizar esses subprodutos para ver o que gerariam como valor agregado elevado e quais poderiam ser transformados em aromas”, relata a docente.

Siga a SNCT Uberlândia no Twitter


Conforme ela, têm sido testados vários subprodutos. Da cadeia do trigo, pesquisaram-se o farelo de trigo e o farelo de arroz. Prosseguiu-se testando, trabalho que envolveu a inoculação de microrganismos, potenciais produtores de aroma de fruta. O próximo passo foi observar o que ia acontecendo. Chegou-se a um substrato muito mal aproveitado e que sequer se desconfiava disso. “Como já estava disponível e tinha uma alta carga de açúcar e proteína, notava-se que era totalmente desperdiçado. Era um resíduo da indústria da cerveja, aquela cevada transformada que seria praticamente jogada ou empregada na alimentação do gado”, descreve.

Daniele investigou os resíduos, avaliando a sua viabilidade. Aproveitou para verificar o que continham e foram inoculados alguns microrganismos produtores de aroma. O resultado foi muito bom: conseguiu-se a produção de aromas via biotecnológica – os aromas naturais de morango e de abacaxi, sem ter morango e sem ter abacaxi. O trabalho foi efetuado dentro da linha de pesquisa “Obtenção de ingredientes em compostos bioativos de produtos oriundos de subprodutos da agroindústria brasileira”, dirigida por Gláucia Pastore.

Surgiram inclusive as primeiras conversas com as indústrias de aromas e de leite, que pretendem conceber produtos aromatizados naturalmente. Especula-se o seu emprego em iogurtes e leites fermentados. “Pretendemos também auxiliar a indústria de ração, já que o cheiro de seus produtos é um item a ser reconsiderado, por não ser nada agradável”, comenta a orientadora. Como a produção de aroma frutal por microrganismos é considerada natural pela legislação, este apelo vem bem ao encontro da crescente demanda por produtos mais saudáveis.

Publicação
Tese: “Produção de aroma frutal por linhagens de Neurospora sp. em meios sintéticos e resíduos agroindustriais”
Autora: Daniele Souza de Carvalho
Orientadora: Gláucia Maria Pastore
Unidade: Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA)
Financiamento: Capes

Fonte: Jornal da Unicamp.



 
Design by Adilmar Coelho Dantas | Edited by Renata da Silva Souza | Open Source