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domingo, 25 de setembro de 2011

Tecnologia: Arar a terra é coisa do passado


Quando o agricultor do século passado arava a terra para plantar, não tinha noção do mal que fazia ao meio ambiente. O revolvimento da terra era um procedimento normal, aprendido com os europeus, que aqui chegaram ensinando a técnica.

Arar a terra hoje é sinal de ignorância, uma prática tida como arcaica e poluente. Nossos avós jamais poderiam imaginar que ao revolver o solo estariam tirando dele o carbono necessário para sua produtividade. Pior do que isso, esse carbono subia para a atmosfera, transformando-se em CO2, o gás carbônico que eleva o efeito estufa e contribui para o aquecimento global.

O plantio direto dobra a capacidade de retenção de carbono no solo e torna a agricultura sustentável, contribuindo para a preservação do meio ambiente, segundo João Luis Nunes de Carvalho, pesquisador do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE). Ele lembra que o solo é capaz de reter 300 kg/he/ano a mais de carbono se for praticada na agricultura brasileira a integração lavoura-pecuária.

“Na camada cultivável do solo, cerca de 30 cm, há em carbono o equivalente a todo o CO2 da atmosfera. Se revolvemos o solo, transferimos esse carbono bom para a atmosfera, transformando-o em carbono ruim, o CO2, danificamos o solo e produzimos poluição, disse.

Segundo o pesquisador, bem manejado, o solo se transforma em um importante dreno do CO2 e o plantio direto tem sido o principal mecanismo de aprisionamento desse carbono. Isso porque a decomposição da palhada se dá lentamente até que ela vire matéria orgânica e isso acaba por gerar elevação do estoque do carbono no solo.

“Além de conter a erosão, o plantio direto permite o acúmulo de matéria orgânica, ao contrário do plantio em solo desnudo, que leva a um decréscimo no estoque de carbono”, afirmou o pesquisador.

Plantio direto da cana-de-açúcar

João Luis Nunes de Carvalho defende também uma profunda mudança de cultura no cultivo e colheita dos canaviais. “Esse é o nosso grande desafio, acabar com as queimadas a cada cinco anos, quando se renovam as plantações de cana-de-açúcar, e fazer o plantio direto nessas lavouras.”

Segundo ele, estudos têm caminhado no sentido de reduzir a compactação do solo, feita pelas pesadas máquinas que colhem a cana e a partir daí será possível usar a palha da cana para manter o solo coberto, estocar carbono e até elevar a produtividade da cana por meio do plantio direto.

FAO

“O Brasil tem dado um bom exemplo”, disse Amir Kassan, representante da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), no simpósio internacional de plantio direto promovido no mês passado em Uberlândia, pela Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha.

Ele lembrou que, há cerca de 20 anos, o cenário agrícola mundial remetia a uma nova terra prometida: “Uma área desértica, criada pela erosão das civilizações.”

Para Amir Kassan, a agricultura sempre foi tida como a vilã, responsável pela degradação ambiental do planeta. “Portanto, sustentabilidade ecológica não é opção, é uma necessidade”, disse.
Negrito
Fonte: Correio de Uberlândia.

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